segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Dezesseis cristãos indígenas são presos no norte da Colômbia


Dezesseis cristãos da tribo Kogui foram presos pela Organização Indígena Gonawindúa Tayrona em 27 de outubro de 2009, no Departamento de Magdalena, norte do país.

A Associação Cristã de Refugiados Koguis (ASOKOGUI) intima a comunidade internacional a se pronunciar em favor dos 16 cristãos.

A Organização Indígena Gonawindúa Tayrona é o órgão responsável e porta-voz de três povos indígenas da região em relação com o governo colombiano. Ela se propõe a defender o território e a identidade cultural das tribos que representa.

A Gonawindúa convidou líderes cristãos koguis para discutir as circunstâncias em que os cristãos poderiam receber a proteção da comunidade. Os líderes cristãos acharam que seria uma negociação justa e concordaram e participar da reunião.

No entanto, para a Gonawindúa, qualquer kogui que decidir se tornar cristão perde imediatamente sua identidade como índio e, portanto, perde seus direitos e liberdade.

Os 13 cristãos presentes na reunião, e três filhos deles, foram levados para a sede da Gonawindúa, onde permanecem presos.

O cristianismo se tornou a ameaça primária contra a estabilidade e continuidade das tradições das tribos indígenas no norte da Colômbia.

O trabalho evangelístico e a tradução da Bíblia para o kogui, feitos pela ASOKOGUI, levou muitas famílias da tribo ao cristianismo. Isso, de acordo com a Gonawindúa, tem acabado com os costumes koguis, e é inaceitável.

Discriminação constante

Esse não é o primeiro caso de perseguição na área. Um caso recente foi de Sandra Gil, voluntária no posto de saúde de Palmor. O conselho da tribo não aceitou a solicitação dela de ser reconhecida como kogui.

Com isso, Sandra não tem acesso às bolsas do governo para indígenas que queiram ir à faculdade.

Os koguis cristãos que foram à universidade às próprias expensas e depois voltaram à comunidade foram proibidos de lecionar. Esse foi o caso de Virgil, um dos koguis cristãos que estão presos. Ele é acusado de mudar os costumes de 21 alunos na escola onde leciona. As autoridades fecharam o estabelecimento.

Os koguis cristãos também são impedidos de ter acesso à assistência médica, que é controlada pelo conselho local. Um estatuto colocado em vigor afirma que o serviço de saúde é para os koguis nativos. Quem não for kogui, deve procurar assistência em outro lugar, independente da urgência do caso.

Uma vez que os cristãos não são considerados nativos, o acesso deles ao sistema é impedido.

Atanásio, um representante da ASOKOGUI, pediu à comunidade internacional para se posicionar a favor dos cristãos koguis. Organizações estatais colombianas não se interessam pela causa deles. O Supremo tribunal, por exemplo, recomenda que haja uma negociação entre ambas as partes.

Entretanto, segundo Atanásio, as autoridades indígenas não querem negociar. Além disso, a Gonawindúa ameaçou prender todos os koguis cristãos.

Segundo Alberto Gil, outro kogui, o conselho do governo ordenou que todos os cristãos se apresentassem ao escritório da Gonawindúa até o dia 5 de dezembro. Se não fizerem isso voluntariamente, serão procurados por líderes indígenas.

Dos 11 mil koguis existentes na Colômbia, apenas 120 são cristãos.

Fonte: Portas Abertas

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