terça-feira, 15 de setembro de 2009
Autoridades do Laos ameaçam matar cristãos
No início do mês, as autoridades do Laos prenderam um líder na província de Savannakhet por abraçar o cristianismo; ameaçaram expulsá-lo da comunidade, caso não renuncie sua fé; e matá-lo, caso sua prisão se torne pública, de acordo com a Human Rights Watch for Lao Religious Freedom (HRWLRF), ONG de Direitos Humanos pela Liberdade Religiosa no Laos.
Funcionários do governo do vilarejo de Liansai, sub-distrito de Saybouthong e distrito de Sapangthong, prenderam Thao Oun, um ancião da igreja de Boukham, no dia 3 de setembro, em sua casa, e o levaram sob a mira de uma arma até o gabinete do sub-distrito. Eles o entregaram ao chefe de polícia de Saybouthong, Thao Somphet, que deteve, interrogou e aterrorizou o cristão por aproximadamente seis horas.
Thao foi acusado de destruir o governo e a nação laosiana por abraçar o cristianismo, considerado pelos funcionários do governo uma “religião estrangeira que deve ser abominada”.
O chefe de polícia exigiu que Thao renunciasse imediatamente ao cristianismo ou seria expulso do vilarejo. Além disso, ele o ameaçou dizendo que, se qualquer palavra sobre sua detenção e interrogatório chegasse à comunidade internacional, ele seria morto, de acordo com a HRWLRF. A ONG decidiu publicar os maus tratos, alegando que a exposição internacional é a forma mais eficaz de evitar que o governo do Laos leve a cabo suas ameaças.
O chefe de polícia também disse a Thao que seu tratamento duro terminaria “somente após a morte de todos os cristãos da igreja de Boukham”.
A fim de pressionar ainda mais a igreja de Boukham, os funcionários do governo do vilarejo de Liansai, juntamente com policiais do sub-distrito de Saybouthong, prenderam Thao Aom, que se converteu há dez meses, no dia 5 de setembro. Ele também foi interrogado e intimidado pelas autoridades que lhe disseram: “Você tem crido em uma religião estrangeira e deve assinar um depoimento renunciando o cristianismo. Se não negar, deve deixar o vilarejo.”
A HRWLRJ relatou que, após três horas de interrogatório policial, Thao Aom ainda se recusava a assinar o depoimento renunciando sua fé. Ele foi expulso do vilarejo e buscou refúgio em outro, a seis quilômetros de distância, aonde já morara anteriormente.
No domingo, dia 6 de setembro, autoridades policiais do distrito de Palan se juntaram aos funcionários do sub-distrito de Saybouthong, para cercar o prédio da igreja de Boukham, impedindo os membros de entrarem para o culto da manhã de domingo.
Para punir os membros da igreja por seguirem a Jesus, os funcionários do governo proibiram dez de suas crianças de frequentarem a escola e cortaram o acesso à água nos poços do vilarejo. Eles também privaram todos os cristãos da região de proteção e direitos, e ameaçaram negar serviços públicos de saúde para os cristãos doentes ou feridos.
Laos é um país comunista que tem 1,5% de cristãos e 67% de budistas, sendo o restante não especificado.
As ações contra a igreja de Boukham violam a constituição do Laos bem como outras leis aprovadas entre 2004 e 2006, incluindo a Lei de Procedimento Criminal, cujo artigo 5, violado pelos funcionários do governo que prenderam Thao Oun e Thao Aom, proíbe prisão, detenção ou busca em prédio ou casa sem ordem de um promotor público.
A recusa de conceder educação às crianças em idade escolar com base na afiliação religiosa viola o artigo 3 da Lei de Proteção aos Direitos e Interesses das Crianças, asseverou a HRWLRJ. O artigo 6 também declara que “Todas as crianças são iguais em todos os aspectos sem discriminação de qualquer tipo com relação a gênero, raça, etnia, língua, crença, religião, estado físico e estado sócio-econômico de sua família.”
No ano passado, funcionários do governo do vilarejo de Boukham detiveram três cristãos da mesma igreja por várias semanas até liberá-los em 16 de outubro. Eles invadiram a casa de um pastor, aonde funcionava uma igreja doméstica, e ordenaram aos 63 cristãos presentes que cessassem o culto ou seriam presos por “crer e cultuar a Deus”.
A igreja foi alvo da polícia porque não era registrada oficialmente. Tais registros vêm com rígidas limitações às atividades da igreja e, por isso, muitos cristãos os evitam.
Fonte: Portas Abertas
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